Dor Lombar

Informações sobre a dor lombar.

Quiroprática

Nos EUA existem aproximadamente 55.000 quiropráticos credenciados, o que os torna o maior grupo de praticantes de terapêutica manual. Os cuidados de quiroprática baseiam-se principalmente da manipulação da coluna. A filosofia quiroprática baseia-se na crença de que a perturbações na biomecânica afectam o sistema nervoso que, por sua vez, afecta todos os outros sistemas corporais. Estas perturbações são referidas como sendo subluxações. Os quiropráticos procuram melhorar a neurotransmissão ao realizarem “ajustamentos da coluna de baixa amplitude e alta velocidade aplicados a pontos de contacto específicos sobre as apófises espinhosas”.

Quando é efectuada a referenciação para um quiroprático, idealmente, o médico de família escreve uma receita para a consulta e tratamento conjunto do doente. Isto encoraja a comunicação aberta e constitui uma boa prática médica. A Medicare e alguns planos de saúde cobrem o acesso directo à quiroprática mas geralmente a comparticipação é menor ou os limites para a sua utilização são mais apertados do que as consultas médicas.

Foram realizados mais de 40 ensaios clínicos aleatórios controlados sobre a manipulação da coluna (aproximadamente metade para a lombalgia). Estes estudos garantiram um lugar para a quiroprática entre as terapêuticas manuais, embora não sem que haja oposição. Ainda existem críticas contra a quiroprática, por vezes derivadas da sua utilização fora dos limites das indicações baseadas na evidência.

Num estudo recente realizado por um dos consultores deste artigo foram avaliados registos de 1.310 doentes que receberam manipulação quiroprática da coluna para a lombalgia em 131 consultórios de quiroprática. O objectivo foi avaliar a adequação das decisões do quiroprático no que respeita à utilização da manipulação da coluna para a lombalgia. Os registos de 859 doentes (79%) continham dados suficientes para determinar se os cuidados correspondiam aos critérios de adequação. Destes, verificou-se que os cuidados eram apropriados em 46% dos casos, incertos em 25% e inapropriados em 29%. A maior parte dos cuidados inapropriados foram fornecidos a doentes com lombalgia crónica ou aos que não tinham sido submetidos a avaliações apropriadas.

Outra preocupação relativamente à quiroprática é a sua relação custo-eficácia; para simplificar, ela custa mais do que os cuidados habituais pelo facto de serem necessárias mais consultas (o mesmo é verdade para a osteopatia). Saber se os benefícios da quiroprática ultrapassam os custos é objecto de considerável discussão, especialmente devido ao facto de se desconhecer o número de manipulações da coluna necessárias para tratar uma situação específica.

Num estudo recente importante, 321 adultos com uma lombalgia com duração superior a 7 dias após a primeira consulta de cuidados primários de saúde foram distribuídos aleatoriamente para receberem um de 3 tratamentos: o método McKenzie de fisioterapia, a manipulação quiroprática ou o fornecimento dum folheto educativo. As sessões de fisioterapia ou de quiroprática foram limitadas a um máximo de 9 tratamentos por mês e os doentes foram seguidos durante 2 anos. Os sintomas foram medidos numa escala de 11 pontos e os níveis de disfunção foram avaliados pela Roland Disability Scale. A fisioterapia e a quiroprática apresentaram efeitos e custos semelhantes, com resultados apenas ligeiramente melhores do que os do grupo que recebeu o folheto educativo. O tempo total gasto com qualquer dos profissionais foi de cerca de 2,5 horas e os custos totais do tratamento foram de 226 dólares para a quiroprática e de 238 dólares para a fisioterapia. Os autores concluem que os resultados deste estudo deixam os benefícios da quiroprática e da fisioterapia abertos à discussão.

Os investigadores também salientam que estudos semelhantes efectuados nos últimos 10 anos por investigadores britânicos e holandeses apresentaram resultados variáveis, embora nenhum incluísse a comparação com um grupo sem tratamento (o grupo do folheto educativo foi considerado um grupo sem tratamento). Eles baseiam a sua afirmação em estudos prévios que verificaram que a educação do doente relativamente à prevenção da lombalgia produziu um sucesso limitado. Os investigadores colocam a seguinte questão: “Será o benefício reduzido da quiroprática e da fisioterapia observado neste estudo justificação para os seus custos adicionais? Os resultados deste estudo, associados à falta de benefícios adicionais demonstrados no estudo sobre a osteopatia previamente citado, fortalecem a ideia de que existe uma má relação custo-eficácia.